Exposição Rio Azul (2018)
O Rio Azul é uma corrente de agua que nasce na Serra do Divisor, no extremo ocidental do
Acre, uma das mais remotas fronteiras do Brasil. O Rio Azul traz as suas águas até o Rio Môa,
que por sua vez alimenta o Rio Juruá, que por sua vez alimenta o Rio Amazonas. Esta
sequencia de águas alimentando águas, com seus ciclos de enchentes e secas, constitui a alma da
cultura ribeirina da Amazonia. Talvez seja por isso que as imagens do Rio Azul são fascinantes
para quem as visita desde a perspectiva das grandes urbes do Brasil. Quando, nas imagens, as
paisagens naturais se conjugam com a paisagem humana, é possível quase “tocar com as
próprias maos” a essencia da cultura ribeirina amazônica.
Acre, uma das mais remotas fronteiras do Brasil. O Rio Azul traz as suas águas até o Rio Môa,
que por sua vez alimenta o Rio Juruá, que por sua vez alimenta o Rio Amazonas. Esta
sequencia de águas alimentando águas, com seus ciclos de enchentes e secas, constitui a alma da
cultura ribeirina da Amazonia. Talvez seja por isso que as imagens do Rio Azul são fascinantes
para quem as visita desde a perspectiva das grandes urbes do Brasil. Quando, nas imagens, as
paisagens naturais se conjugam com a paisagem humana, é possível quase “tocar com as
próprias maos” a essencia da cultura ribeirina amazônica.
O Rio Azul percorre um território distante, mas também algo mais profundo: as cores e rostos
da Amazonia. O verde do mato nas margens e o azul do reflexo de um céu limpido nas aguas, se
misturam com os burburinhos de aguas lentas e o rouco das rabetas levando crianças para a
escola, trazendo açai ou farinha de mandioca, passando por igarapés, bancos e barrancos. Sob
um sol escaldante, uma família navega levando os bultos de uma mudança. Em algum lugar, em
uma casa ribeirina construida em palafitas, duas crianças aguardam aquele som característico,
ou disparam em uma corrida, em um espaço aberto um pouco além das águas, ou brincam de
esconde-esconde com aquela lente que retrata todo e todos. Talvez o som do rio combina com o
azul, que o nome do rio evoca, esse rio que também é marrão quando leva sedimentos de terra
suspensa, transparente acima dos bancos de areia, e escuro sob as sombras no final do
entardecer. Os eventuais visitantes que vieram de longe, trazem algum contraste entre estas
paisagens e as das cidades , e apenas parecem perturbar uma rotina calma, alterada ciclicamente
pelos ritmos das enchentes, das chuvas e da malária. Alguém conta a sua historia entre paredes
de madeira abarrotadas de panelas de metal, as crianças ouvem atentas ou novamente brincam
esticando a atiradeira, pulando na água desde as canoas semi encalhadas na beira do Rio Azul,
no aguardo para iniciar um novo percurso pelas paisagens coloridas dessa parte da Amazônia.
da Amazonia. O verde do mato nas margens e o azul do reflexo de um céu limpido nas aguas, se
misturam com os burburinhos de aguas lentas e o rouco das rabetas levando crianças para a
escola, trazendo açai ou farinha de mandioca, passando por igarapés, bancos e barrancos. Sob
um sol escaldante, uma família navega levando os bultos de uma mudança. Em algum lugar, em
uma casa ribeirina construida em palafitas, duas crianças aguardam aquele som característico,
ou disparam em uma corrida, em um espaço aberto um pouco além das águas, ou brincam de
esconde-esconde com aquela lente que retrata todo e todos. Talvez o som do rio combina com o
azul, que o nome do rio evoca, esse rio que também é marrão quando leva sedimentos de terra
suspensa, transparente acima dos bancos de areia, e escuro sob as sombras no final do
entardecer. Os eventuais visitantes que vieram de longe, trazem algum contraste entre estas
paisagens e as das cidades , e apenas parecem perturbar uma rotina calma, alterada ciclicamente
pelos ritmos das enchentes, das chuvas e da malária. Alguém conta a sua historia entre paredes
de madeira abarrotadas de panelas de metal, as crianças ouvem atentas ou novamente brincam
esticando a atiradeira, pulando na água desde as canoas semi encalhadas na beira do Rio Azul,
no aguardo para iniciar um novo percurso pelas paisagens coloridas dessa parte da Amazônia.
Alessandra Fratus, bióloga e fotógrafa, vem percorrendo a Amazônia com o duplo olhar da
cientista e da artista, o que é um privilégio de poucos. Provávelmente por isso ela consegue
destilar a essência das cores e paisagens da Amazônia, seus habitantes, e seu cotidiano com uma
mistura peculiar de sensibilidade e agudeza na observação. Entre as luzes das fotos é possível
ver muitas cenas através das imágens, assim como seus avessos refletidos inteligente e
sensívelmente nas luzes de objetos do ambiente desses moradores que ela retrata...
eventualmente nas pupilas dos olhos de uma criança. Desta forma, Alessandra nos mostra
novamente esse mundo que nos provoca e nos convida expandir o nosso olhar.
cientista e da artista, o que é um privilégio de poucos. Provávelmente por isso ela consegue
destilar a essência das cores e paisagens da Amazônia, seus habitantes, e seu cotidiano com uma
mistura peculiar de sensibilidade e agudeza na observação. Entre as luzes das fotos é possível
ver muitas cenas através das imágens, assim como seus avessos refletidos inteligente e
sensívelmente nas luzes de objetos do ambiente desses moradores que ela retrata...
eventualmente nas pupilas dos olhos de uma criança. Desta forma, Alessandra nos mostra
novamente esse mundo que nos provoca e nos convida expandir o nosso olhar.
Arial M. Silber | 2018